sábado, 25 de junho de 2011

Doce monstro.


Árvores, árvores. Ela. Árvores. E a solidão de estar só entre as árvores.
Andava como se não estivesse ali. As folhas gritavam a cada passo que ela dava.
Era uma criatura perdida, desolada.
Um par de olhos a observava.
Grandes olhos negros e profundamente fascinados com o que viam. Entre todas aquelas árvores, na imensidão daqueles troncos cobertos por folhas, ele nunca havia se deparado com nada parecido.
Aquela pele branca, aqueles olhos verdes, e aquela fragilidade. Era tão linda... Teve medo de que de repente, ela se quebrasse, ou sumisse. Se esforçava para não piscar. Não queria perdê-la de vista. 
Ela andava de cabeça baixa, meio encolhida. Parecia que sentia dor. Não sabia se era física ou não. Sentiu um ímpeto de ir até lá... Mas se conteve. Continuou a observar.
Ela andava apressada em direção a uma montanha. A mais alta.
O coração do dono dos olhos negros acelerou. Não sabia quem era ela, não sabia de onde vinha. Mas sabia que algo estava errado.
A dona dos olhos verdes subia, e subia. Se encolhia em volta de si mesma.
Era angustiante olhar aquilo. Mas ele sabia. Se fosse até lá, ela se assustaria. Ele não queria assustá-la, não queria fazer mal a ela..
Ela chegou ao topo. Olhando para algum lugar que só ela sabia, deu alguns passos. Parou na ponta de uma pedra. Era alto, era incrivelmente alto.
Fechou os olhos. Saltou.
O dono dos olhos negros morria por dentro enquanto corria. Não sabia porque corria. Não havia mais nada a ser feito. Mas mesmo assim suas pernas não paravam de se mover. Cada vez mais rápido.
Não foi até ela. Foi até a mesma montanha em que ela esteve. Subiu na mesma pedra em que seus pés haviam tocado. Olhou para baixo e viu aquele corpo frágil. Seu medo se tornara realidade. A pequena criatura branca se quebrara.
Olhando para baixo, foi encontrar-se com ela. Agora ela não teria medo. Sua alma não a assustaria. 
Quando tocou o chão, seu corpo ficou exatamente ao lado do dela. Seus negros olhos ficaram abertos, encontrando os pequeninos olhos verdes da doce criatura frágil.