segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Pai

Por trás das grades a visão é outra
Outrora livre, hoje em si mesmo se aprisiona
Cada vez que tenta a fuga, o concreto da cela na cabeça desmorona
Bate a cabeça, se descontrola, se cansa de tentar se libertar da realidade, então deita e sonha

Sonhou com o campo verde, sonhou com as flores, sonhou com o sol, sonhou com o mundo
Um mundo sem as dores de hoje, as dores de sempre, as dores que o levam pro fundo
Pro fundo do seu ser que há tempos esqueceu o que é crescer
Só se diminui, só se encolhe em si mesmo e aos poucos desiste de vencer

Papai, anos atrás, lhe dissera: “Você vai ser um homem e tanto!”
Ah, como dói decepcionar quem confiou, como dói não ser o reflexo de quem um dia se espelhou
Ah, pai... Perdão por ter causado seu pranto, perdão por não ser o que você um dia esperou

Lamentos baixos, palavras lentas
Frases se tornam murmúrios, letras desconexas, apenas
Mas Papai o ouviu, Papai sempre ouve
Papai o pegou no colo e como um bebê o fez adormecer
Passou a noite ao seu lado, e lá continuaria mesmo após o amanhecer.

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